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19 de dezembro de 2014

Conta de Padaria, por Motta Araujo

Conta de Padaria
Por Motta Araujo
De boas intenções o inferno está cheio, é o velho ditado português. As boas intenções das ilhas de poder autônomo que não respondem ao Estado, situação única no planeta, não há Ministério Publico ou Polícia independente que faz o que quer sem limite do Poder eleito, as ilhas de poder são braços do Estado, não são Reinos.
Nos EUA, democracia sólida,  procuradores são nomeados sem mandato pelo Presidente e podem ser demitidos a qualquer momento,  vão levar o País a uma crise politica e econômica 500 vezes mais cara que as grandes propinas da Lava Jato. As prisões, os bloqueios de capital de giro, os confiscos de ativos, tudo isso produz mega efeitos.
1. PERDA DO VALOR CORPORATIVO E DE MERCADO DA PETROBRAS - Se a empresa se salvar será um pária corporativo, processada por todo lado, gastando suas energias, atenção da diretoria e esforços da gerência para manter a cabeça acima da água, a primeira grande dificuldade será captar dinheiro para rolar a divida de US$130 bilhões, a segunda conseguir dinheiro para o plano de investimentos, US$45 bilhões por ano, a terceira gerenciar os projetos que estão sendo desenvolvidos, há clima para isso? Veremos mas acho difícil.
Ao liquidar com diretores por tabela liquidam com a empresa, está ai para quem quiser ver, imagem corporativa é mais delicada do que reputação de mulher, trincada é difícil colar, a Petrobras virou a Geni da vez.
2. DESTRUIÇÃO DE EMPRESAS FUNDAMENTAIS - Ao prender com estardalhaço diretores, confiscar ativos financeiros, bloquear contas e principalmente QUEIMAR A REPUTAÇÃO DE EMPRESAS DE ENGENHARIA, que não são fábricas de camisas, são empresas que vivem da reputação e do currículo, a Lava Jato queima na fogueira boa parte da engenharia nacional e seu acúmulo de capital técnico de 80 anos. As empresas fustigadas construíram as PRINCIPAIS USINAS HIDROELTRICAS, REFINARIAS, PONTES, RODOVIAS, METRÔS, ESTALEIROS, AEROPORTOS, PORTOS do País.
Tudo jogado na fogueira da Lava Jato, esse patrimônio empresarial não se refaz facilmente.
3. O CLIMA DE TERROR ROBESPIERRANO AFUGENTA OS EMPREENDEDORES DE NOVOS PROJETOS - Os empresários nacionais estão aterrorizados com a condução dessa operação. SÓ PRENDARAM EMPRESARIOS, nenhum político.
Ninguém quer mais se arriscar em disputar um edital de obra, de concessão ou de PPP. Dia seguinte pode ser preso.
O terror é um sentimento emocional, irracional, pode não acontecer mas o empresário vê seus pares presos por tempo indefinido, ninguém sonha mais em se arriscar e se puder vai embora do País.
Quanto isso vai custar ao País é incalculável, uma cicatriz que não vai colar facilmente.
4. A IMAGEM DO PAÍS FICA MANCHADA PELO MENOS POR UMA DÉCADA - Empresas estrangeiras estão tirando o Brasil da lista de países a se considerar para investimento. A Lava Jato fixou a percepção de que aqui é igual aos piores países africanos. As seguradoras não mais seguram  risco compliance Brasil. A mídia ajudou a criar essa imagem ruim do País, a mídia estrangeira deita e rola ao mostrar o Brasil como um covil de bandidos empresariais.
5. O CLIMA DE PESSIMISMO CRIA DESÂNIMO E PERDA DE CONFIANÇA NO PAÍS PELOS BRASILEIROS - A forma inquisitorial das prisões deixou um gosto amargo na comunidade empresarial, que é quem faz o País crescer.
Não é a turma do concurso público que faz o País levantar o voo do crescimento, são os empresários, muitos não são santos mas SÃO eles que correm o risco dos empreendimentos, sem eles não há desenvolvimento, empregos, impostos. Pense em um País onde só existem funcionários públicos, todos salvacionistas, corretos e patriotas, eles e o povão, sem o dinamismo dos negócios que sempre tiveram irregularidades nas arrancadas, Brasília jamais existiria se esses salvacionistas da moral prendessem os empreiteiros que construíram a capital, avôs dos da Lava Jato.
Os empresários fugiram, não querem mais correr o risco de ficar aqui, o Brasil acaba e isso pode acontecer.
O terror da Lava Jato é um mau negocio para o Pais que está paralisado enquanto a operação heróica não tem data para terminar. Robespierre no auge do Terror do Comité de Salvação Pública dizia que as punições não tinham data para acabar, ele era o mais puro e o único honesto, cortou a cabeça de 13.000 impuros, quase acaba com a França.
O Brasil pela herança portuguesa tem grande predileção por fogueiras inquisitoriais, os AUTOS-DA-FÉ que queima pecadores. É uma danação de nossa cultura, o povo que assistia com prazer as fogueiras queimarem os impuros era a versão primeira da mídia moralista de hoje esquecendo que os impuros têm pecados, mas também tem sua longa lista de realizações que beneficiaram o País, cada empresa punida tem no mínimo 500 obras no acervo, já os salvacionistas de terno, gravata e cabelo curto terão com dificuldade construído uma churrasqueira no quintal.
Nos EUA na época da construção das ferrovias, a maioria dos empresários eram escroques e malandros, mas sem eles os Estados Unidos não existiriam, todas as arrancadas para o crescimento tem um ambiente de aventureirismo, golpes, jogadas, nenhum País cresceu a base de santarrões e santelmos, é preciso se arriscar muito e para assumir riscos não se acham moços limpinhos e de vida reta, por toda a História quem se aventura não é santo.
Os americanos são mais práticos. Quando se ia iniciar o processo para criminalizar o ex-Presidente Nixon, o seu sucessor Gerald Ford baixou Ordem Executivo (Decreto) ANISTIANDO o Presidente Nixon. O processo foi arquivado.


Por quê? Porque o processo iria paralisar o País, não valia a pena, perdeu-se a vingança contra Nixon, mas é melhor sepultar o pecado e ir em frente. No caso Lava Jato, multe-se, mudem-se as regras, mas o excesso punitivo custará infinitamente mais caro ao Pais do que o dano que esse clima causa na alma brasileira que precisa de energia positiva para enfrentar os grandes desafios de criação de empregos que não estão nos cartórios, mas sim nas empresas.

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