Por Motta Araujo
O nascimento dos Estados Unidos como potencia industrial e financeira se deu após o fim da Guerra Civil. Entre 1865 e 1900 os EUA conheceram um progresso até então inigualável em qualquer parte do mundo. Houve a fase das ferrovias quando ligou-se todo o leste de ponta a ponta, depois um grande feito, marco da união dos Estados, a ligação ferroviária entre o Atlântico e o Pacifico, em 1872 já se podia ir de trem de Nova York a San Francisco. Durante esse mesmo período surgiram as industrias siderúrgica, de petróleo, de maquinas agrícolas, de locomotivas e vagões, de navios, de utensílios domésticos, de maquinas de costura, de cimento.
Todo esse processo foi desenvolvido a base de fraudes, roubalheiras, alta corrupção, massacre de índios, escroqueria com ações e bônus. Seus operadores foram conhecidos como os "robber barons", os barões ladrões. A lista deles está no link.
Mas eles foram os autores do processo de criação da potencia imperial. Todos eles realizaram muita coisa e deixaram grandes legados em universidades, museus, orquestras, hospitais, institutos de pesquisa. Por exemplo, um dos empresários da ligação ferroviária de costa a costa foi Leland Stanford, que fundou a Stanford University, uma das cinco melhores dos EUA. Rockefeller, um dos piores entre os piores, deixou a Fundação Rockefeller que legou mais de 2.000 iniciativas de beneficência pelo mundo, por exemplo financiou a construção da Faculdade de Medicina do que seria depois a USP em São Paulo, isso nos anos10 do século passado, Rockefeller também doou a sede da ONU em Nova York, a Fundação dedicou-se principalmente à medicina e à higiene pelo mundo.
Se os "robber baron" sofressem uma Lava Jato naquele tempo, hoje os EUA seriam uma republiqueta insignificante.
O individuo raro e que deve ser preservado é aquele que é mais escasso na sociedade, o empresário. É difícil um homem virar empresário, sobreviver na selva da economia, conseguir manter sua empresa frente a mil e um obstáculos, esse empresário é um ativo do País. Destruir um empresário equivale a um País cometer suicídio, não se faz outro facilmente. Canadá e EUA, por exemplo, dão acolhida e green card a empresários que criem acima de dez empregos na economia, é uma imigração preciosa e bem vinda. Criar empregos merece privilégios nos países que tem essa cultura a favor do empresário.
Os EUA sempre deram altíssimo valor a seus empresários, deram prestigio, honrarias, confiaram a eles missões diplomáticas e de governo, como por exemplo, John Mc Cloy, presidente do Chase Manhattan Bank, que foi nomeado Alto Comissário na Alemanha durante a ocupação de 1946 a 1950. Um terço dos Embaixadores americanos são empresários, Secretários do Tesouro, do Comercio, de Energia, do Trabalho, da Defesa, costumam ser empresários.
Muitos Secretários de Estado, como Foster Dulles, George Schultz, John Kerry, são empresários.
No Brasil, completamente ao contrario, demoniza-se o empresário, visto como bandido, especialmente pelo Ministério Publico, Policia Federal e Justiça. Como bandido deve ser caçado, preso e destruído.
O Brasil teve um empresário que era realmente um elemento nada santo, muito pelo contrario. Não pagava impostos, contribuições previdenciárias, não registrava empregados, era exímio achacador, seu nome era Assis Chateaubriand.
Mas legou o mais formidável museu de arte da America Latina, com um acervo de nível dos grandes museus mundiais, mais ainda criou 300 Aero Clubes pelo Brasil pra desenvolver a aviação, mais ainda, 600 Centros de Puericultura naqueles tempos de alta mortalidade infantil mas era o que hoje se chamaria "bandido".
Os empreiteiros de Brasília fariam os da Petrobrás parecerem padres capuchinos, mas construíram uma grande cidade em tempo absurdamente curto, 5 anos, a roubalheira em Brasília foi altíssima mas a obra saiu no prazo.
A mentalidade antiempresarial no Brasil vem da Inquisição, quando o lucro era visto como pecado e não tem a ver com ideologia de esquerda, a nossa esquerda é menos antiempresarial do que os estadistas que se julgam titulares da moral, da ética e dos bons costumes, encastelados sem riscos, com vida regulada e tranquila nas corporações de concurso publico. Tem verdadeiro fervor religioso em destruir empresários, tidos como pecadores a queimar na fogueira, temidos e mal vistos por serem tão diferentes deles, que procuraram uma vida sem risco no aconchego de gabinetes, com toda sua vidinha organizada, ferias regulares e tranquilas, algo que é raro para empresários.
O Brasil jamais progredirá se essa mentalidade não for extirpada. As corporações precisam existir mas na hierarquia dos construtores de nação os empresários vem muito à frente , sua importância e valor são únicos, cada empresário liquidado significa menos crescimento, menos empregos, menos impostos mesmo que sejam nada santos.
Os empresários russos, chineses, indianos, espanhóis, franceses, italianos não são nada melhores que os brasileiros e os países que os combatem com fervor, como a Itália, perderam o dinamismo de suas economias, hoje estagnadas, os que os demonizam como a Argentina e a Venezuela, afundam no precipício econômico porque os empresários foram embora do Pais ou desapareceram, países que outrora tinham um grande empresariado.
Estamos vivendo uma dessas fases de malhação do Judas, que de tempos em tempos irrompem no Brasil.
Vai custar muito caro. De modo algum estou dizendo que os empresários não devem ser punidos mas punição não é destruição ou massacre, colocar na cadeia sem prazo homens que a vida inteira trabalharam, ouso dizer, acordando muito mais cedo do que funcionários públicos, muitas vezes sem ferias, é uma aberração, pessoas que percorrem 40 anos de um caminho de projetos e muito trabalho terão o espírito empreendedor destruído com essa fogueira.
O Brasil está queimando um dos ativos MAIS RAROS em qualquer Pais. E não adianta dizer que são apenas duas dezenas que estão sofrendo esse processo. Olhando para eles existem outros 10.000 que se imaginam no lugar deles e que repensarão suas vidas e suas empresas, seu futuro e onde viver depois desse show de horrores.
Um PÉSSIMO NEGOCIO para o Brasil.
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