Retorne ao SPIN

13 de dezembro de 2011

Griselda é a Globo tentando conquistar a Classe C

Música de Villa-Lobos e Dora Vasconcelos, com Salmaso

"Tão Sublime", com Urabano Medeiros

Por que você faz poema?



POR QUE VOCÊ FAZ POEMA?


por que você faz poema?
Herculano Neto

para dizer sem dizer
e irritar quem não me entende
(quem me detesta
mas esmiúça minha palavra)

para alentar meu público fiel
meu público efêmero

para exibir minha verve
em troca do elogio oco
do pouco-caso

para que os conhecidos
busquem meus enganos nas entrelinhas
e os desconhecidos espelho na minha farsa

para transformar minha frase em verso
meu verso em canção
cartão-postal
epígrafe
tatuagem
epitáfio
sacada genial

“para chatear os imbecis”

POR QUE VOCÊ FAZ CINEMA?*
Para chatear os imbecis / Para não ser aplaudido depois de sequências dó-de-peito / Para viver à beira do abismo / Para correr o risco de ser desmascarado pelo grande público / Para que conhecidos e desconhecidos se deliciem / Para que os justos e os bons ganhem dinheiro, sobretudo eu mesmo/ Porque, de outro jeito, a vida não vale a pena / Para ver e mostrar o nunca visto, o bem e o mal, o feio e o bonito / Porque vi Simão no Deserto / Para insultar os arrogantes e poderosos, quando ficam como cachorros dentro d’água no escuro do cinema / Para ser lesado em meus direitos autorais.
*(Joaquim Pedro de Andrade. In: Pourquoi filmez-vous? Paris: Libération, maio de 1987)

http://herculanoneto.blogspot.com/2010/02/por-que-voce-faz-poema.html

Um blog bacana sobre cinema: Por que você faz poema?

10 de dezembro de 2011

Liberdade!

Estréia de Don Giovanni, no La Scala di Milano

Antigas máquinas fotográficas: Prá não dizer que só falei em pixels

Lembranças do passado presentes (Liberté - 4/70)

No momento são 18:00h. Desde cedo estou em dúvida com relação a uma época.  Enfim, não tenho certeza  se quando presenciei a conversa entre o meu amigo Félix e o Ney o presidente era o Collor. Só mesmo telefonando para ele para tirar a dúvida.
Eu (ao telefone): Estou com uma dúvida. Quando o Ney Matogrosso veio em Goiânia apresentar-se naquele bar das amigas dele e que você fez aquele comentário, que as pessoas haviam gostado, era que época? 
Félix (ao telefone):  Qual era o nome do show no qual ele cantava acompanhado pelo Raphael Rabello?
Eu: O A Flor da Pele. Então foi em 1990. 
Félix: Sim.  Ele havia terminado o show onde ele cantava Homem com H. Me lembro perfeitamente que ele mudou radicalmente o estilo.
Eu: Ah sim, era o Ney Matogrosso ao Vivo.
Félix: Prá que você está querendo saber destas coisas?
Eu: Para fazer uma correção. É que fiz uma grande confusão ao comentar no blog do Luis Nassif. Afirmei lá que o Ney havia ficado sem um centavo sequer e que, sem dinheiro, apresentou-se neste bar das amigas dele e, a partir dai, recomeçou a vida. Félix, muito obrigado.
Félix: De nada.
.......................

Agora são 17:36, ainda preciso comprar a passagem para ir para Pirenópolis amanhã cedo. O Félix acabou de falar da caixa com vários CDs do Ney,  gravações raras, está à venda na Livraria Saraiva. Não sei se vai dar tempo. Estou nesta correria. Preciso


Lembranças do passado presentes ou ausentes, tanto faz


,,,..
Então,,,,...tornou-se um desafio para mim lembrar destas coisas. O site do cantor confirma isso, agora sim, está tudo ok, mais dados sobre o A Flor da Pele
http://www2.uol.com.br/neymatogrosso/show11_t01.html




1990 À Flor da Pele
Com Rafael Rabello
Estréia: Hotel Nacional, Rio de Janeiro.
próximo >
O espetáculo estreou no Hotel Nacional, no Rio. Foi um show de emoções dosadas pouco exteriorizadas, mas nem por isso menos intensas. No palco, dois astros de domínio absoluto de seus respectivos instrumentos. Um Rafael Rabello que criava sucessivamente acordes limpos e precisos no seu violão. O outro Ney, que brincava com a voz com a segurança dos grandes interpretes. Durante o recital no qual tocavam clássicos da MPB, eles não trocavam uma palavra com a platéia.

Rafael tocava uma série de composições de Tom Jobim, entre elas “Samba do Avião”, “Anos Dourados” e “Luiza”, depois acompanhava Ney que cantava outros clássicos do maestro, como “Retrato Branco e Preto” e “Modinha”. Mas a estação primeira da linha evolutiva da nossa musica popular brasileira também ganhava destaque como em: “Ultimo Desejo”, e “Na Baixa do Sapateiro”.

Foi um show de virtuoses, que reafirmaram o talento de Rafael e apresentava um Ney Matogrosso inovador. O universo desse show foi praticamente o mesmo que o Pescador de Perolas, mas nele Ney se permitia maior descontração dando discretos rebolados, soltando alguns “ais” e prolongando agudos que soavam como quase gracejos. Nas interpretações vigorosas de “O Mundo é um Moinho”, “As “Rosas não Falam”, e “Autonomia”, três perolas de Cartola, ele elevava notas, altera andamentos e praticamente gritava os versos de “Autonomia” contanto sempre com a cumplicidade de Rafael. A ousadia nas interpretações por vezes irônica dos versos ressentidos de “Três Apitos”, sem em nome da modernidade, deturpar a forma e o sentido dando um verdadeiro show com as antigas canções como “Da Cor do Pecado”, “No Rancho Fundo”, ”Caminhemos” e tantas outras que marcaram época, no bis quando os dois retornavam com Ney cantando “Alma Llanera” e “Balada do Louco”, foi um momento muito aplaudido.

O mais importante que se observou nesse show foi à coragem de Ney em interpretar antigas canções sem cair no lugar comum do repetitismo, ou no erro muito comum de procurar fazer algo novo e apenas repetir o recente. A atuação do cantor foi a de quem já ouviu repetidas vezes as canções, entendeu a letra e as sentiu respeitando as informações dos autores, transformando-as em coisas suas.

Para Ney o sucesso de público e crítica é gratificante, porque reflete que a sensibilidade das pessoas estava bastante aflorada, num pais em que teoricamente não deixa existir esse tipo de sentimento.
SET LIST
Músicas:

1. La Catedral
2. Modinha
3. Retrato em Branco e Preto
4. Molambo
5. Da Cor do Pecado
6. Tristeza do Jeca
7. O Mundo e Um Moinho
8. As Rosas Não Falam
9. Autonomia
10. Samba do Avião
11. Luíza
12. Prelúdio nº 3 para violão solo
13. Prelúdio da Solidão
14. Três Apitos
15. Caminhemos
16. Segredo
17. Negue
18. Na Baixa do Sapateiro
19. Vereda Tropical


Bis:
1. Alma Llanera
2. Balada do Louco
Obs: As músicas podiam sofrer algumas alterações no decorrer dos shows.

Músico:
** Rafael Rabello - Violão



Produção:
** Iluminação - Ney Matogrosso
** Som - Ronaldo Lombardi
** Camareiro - Chiquinho
**Coordenação Geral - Luiz Clericuzzi (Luizinho)

Cyro Monteiro, o grande!

Rosa Pardini, em gravações de 1959

O photoshop de antanho

Ney Matogrosso e "Metamorfoses" (Liberté - 3/70)

E em termos comportamentais, como foi essa década para você? Anos 90 deixaram alguma marca forte?

Ney: Não. Anos 80 deixou mais, né? O rock brasileiro. Vem cá, a gente também tem que colocar em questão a aids, né? Porque nós vivíamos um momento de grande expansão de liberdades, embora dentro da ditadura, mas existia uma liberação sexual, comportamental, que eles não podiam controlar. A aids veio e cortou isso pela raiz. Não cortou e não parou: regrediu. Deu dois passos para trás, e aí o que comandou? O que comandou foi a grana, os yuppies _essa coisa econômica que é isso aí, é tudo uma caretice. E hoje nós vivemos em um país que é mais careta que nos anos 70.

Não me acomodo para mim mesmo, sabe? Essa falta de acomodação não é para satisfazer as pessoas. É para me satisfazer.
Valor: Você tem acompanhado os recentes casos de agressões contra gays, por exemplo? 

Ney: As pessoas estão ficando mais burras e mais agressivas. Tem que haver lei para botar cada qual no seu lugar. Tem que haver leis contra a homofobia. 
Valor: Há mais violência hoje ou apenas maior divulgação sobre esses casos?
Basta você ligar a televisão todos os dias que você vê de cara uma enxurrada de notícias ruins. Sabe o que acontece? Eu desligo a televisão.
Ney: O Zé Celso me fez uma proposta que me deixou superexcitado, mas eu não podia aceitar. Eles vão para Europa com “As Bacantes”, e ele pensou em mim para fazer a rainha. Achou que, pelo meu timbre de voz, eu poderia fazer.
(...) Espero que meu ponto de vista acrescente algo a algumas pessoas e facilite passar por esse trânsito que a gente está vivendo. E é isso. Não pretendo muito mais que isso não.
Meu  comentário:
Que pena que não tenha sido possível ao Ney participar de "As Bacantes". Iria ficar bárbaro. Fazer o que né.
"Fui morar num casebre dentro dessa mata. Então me lembro apenas disso. Não sei de que maneira nada me influenciou."
Lembro-me que nesta época do sequestro da grana das pessoas pelo Collor, o Ney ficou sem um centavo no bolso, li uma reportagem sobre isso, aos poucos ele foi recuperando, parece-me que naquele momento ele havia encerrado o "Seu Tipo", que fez muito sucesso. Sem grana, ficou num mato sem cachorro e teve que começar do zero novamente.  Lembro-me perfeitamente como foi seu recomeço pós-Collor. Ele(Ney) esteve em Goiânia para cantar num bar de umas amigas, estas apresentações informações, sem muita pretensão. Um amigo que trabalhava como recepcionista do Hotel Papilon, onde o cantor encontrava-se hospedado,  comentou com o próprio mais ou menos isso " Ney,  as pessoas estão comentando sua apresentação dessa noite. Os hóspedes estão comentando. As pessoas adoraram". Estou relatando isso porque presenciei esta conversa entre o meu amigo, o Félix e o Ney. Fui encontrar-me com o Ney para lhe entregar coisas aqui da terra, umas sementes de árvores e uns instrumentos que imitavam pássaros. Não demorou muito tempo aquela simples apresentação virar num grande  show, o A Flor da Pele, com Raphael Rabello, postei um video lá embaixo. 
Aos 70 anos a tendência é a pessoa se aposentar e, como diz Raul Seixas, ficar num apartamento de boca escancarada esperando a morte chegar.
Ney está muito lúcido como sempre. Respondeu na bucha. De fato os anos 80 foram de grande liberdade. A caretice começou nos anos 90, foi aumentando e continua se acentuando. Nem preciso citar os nomes dos líderes que comandam isso.
Parabéns ao Bruno Yataka Saito pela entrevista. Muitos repórteres se perdem em frivolidades ao entrevistar Ney. Gostei da entrevista.

Retificação:

Errei ao constar que por ocasião do sequestro de ativos por Collor o Ney havia acabado de encerrar o show "Seu Tipo". Nada a ver. Este show é do final da década de 70! Ele havia terminado sim, a excursão com o "Ney Matogrosso ao Vivo",  onde ele intepretava "Homem com H", acrescentei o video para tirar qualquer dúvida.


Liberté - 2/70 (Ney Matogrosso e "Metamorfoses" - I )

Tenho que sair agora, vou deixar isso aqui, depois volto para tirar os excessos. Parece-me que as palavras provacam aquilo que elas simbolizam ou olham ou são. No domingo passado depois de ouvir as músicas que eu havia postado em "Homenagem a Zé Pilintra"(clique aqui)um comentarista preconceituso fez um comentário indevido sobre a religião e cultura afros. Sai, pegue o ônibus do Eixo Anhanguera, peguei outro na Praça da Bíblia e desci na Feira que ocorre aos domingos, na Praça Universitária. Logo que pus os pés fora do ônibus caiu um toró de água dalqueles, diante de tanta chuva corri para debaixo de uma marquise e, como a praça é ponto de tráfico de drogas, todos os bandidos, de todas as áreas, correram também para a marquise daquele bar. Foi quando pensei, só pode ser aprontação do Zé Pilintra, a malandragem com medo de mim. E por acaso não era eu que deveria estar com medo. Ao movimentar-me para olhar para trás puxei rapidamente uma caneta do bolso e o marginal ficou pálido de tanto susto, acho que pensou que eu havia sacado uma arma de fogo. Mentira. É que ao olhar para a parede vi um cartaz que anunciava o show do Ney Matogrosso para amanhã, no encerramento do Canto da Primavera, em Pirinópolis - Rio X (...não sei o nome do rio que banha a cidade,,,). Foi quando atentei para o fato de que as forças  da natureza me colocaram ali, caso contrário eu não ficaria sabendo do show do Ney Matogrosso, amanhã, ainda não fui, devo ir amanhã cedo, vou sair agora para providenciar a passagem
http://www.aredacao.com.br/culturas.php?noticias=5560

A Redação

A aguardada programação do 12º Canto da Primavera agora é oficial: Ney Matogrosso (MS), Mutantes (SP) e Demônios da Garoa (SP) serão as três principais atrações do Festival de Música de Pirenópolis 2011, realizado de 6 a 11 de dezembro. 

Nesta edição, a Agência de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel), realizadora do evento, trará ainda mais cinco artistas nacionais convidados, duas atrações internacionais e mais de vinte apresentações de artistas goianos. A programação completa dos shows, oficinas e mostras será divulgada nesta sexta-feira, 25/11.

Imperdível
Os shows das três atrações serão realizados no Cavalhódromo de Pirenópolis. Demônios da Garoa iniciam o final de semana, tocando na noite de 9/12, sexta-feira. Os Mutantes sobem ao palco no sábado do dia 10/12 e, por fim,  Ney Matogrosso fecha o festival no dia 11/12, domingo. (Com informações da Agepel)

Serviço:

12º Canto da Primavera
6 a 11/12 em Pirenópolis (GO)
Shows com Ney Matogrosso, Mutantes e Demônios da Garoa

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Ney Matogrosso e "Metamorfoses"


Por raquel_
Do Valor Econômico
Por Bruno Yutaka Saito | Valor Econômico
SÃO PAULO – O destino de Ney Matogrosso é ser um extraterrestre. Nunca é demais lembrar: quando surgiu como o vocalista do Secos & Molhados, em 1973, a música brasileira ainda era comportada demais. A voz e o figurino andróginos desconcertavam o público, conquistavam crianças e adultos e driblavam a censura. “As pessoas diziam que, com aquela voz, eu não chegaria aos 40 anos cantando”, relembra o cantor de 70 anos completados em agosto, em entrevista ao “Valor”. “Achava que chegaria aos 50 anos, no máximo. Eu tinha uma certa urgência. Hoje, já passei 20 anos do limite profetizado.”

Foi nessa suposta “sobrevida” que Ney buscou novos caminhos, algumas vezes escandalosamente sóbrio, e ganhou mais pontos no imaginário musical brasileiro ao buscar parcerias com nomes mais jovens, como Pedro Luís e A Parede. Reviu mitos nacionais, como Tom Jobim e Heitor Villa-Lobos (“O Cair da Tarde”, 1997), Cartola (“Ney Matogrosso Interpreta Cartola”, 2002), Chico Buarque (“Um Brasileiro”, 1996) ou Angela Maria (em “Estava Escrito”, 1994). É este período, de 1993 a 2009, que a caixa “Metamorfoses” (Universal) abarca. São 16 CDs, sendo que dois são coletâneas. “Estou livre para recomeçar como quiser. Voltei à estaca zero, é uma sensação maravilhosa.”
Mas Ney não gosta de olhar apenas para o passado. Em alguns momentos, ainda se considera um ET _como quando fica cansado com a enxurrada de “notícias ruins” sobre o mundo divulgadas pela mídia. “Eu desligo, não ouço, não leio jornal. Tem gente que me liga vendendo assinatura de jornal. E eu digo: ‘Não, minha filha, eu não leio jornal’. E ela fica espantada: ‘Como é que o senhor se informa?”. Eu digo assim: ‘Se for uma notícia muito boa, vai chegar até a minha pessoa. Se for uma notícia horrível, vai chegar também’. Ela deve achar que eu sou um ET, né?”
Entre os próximos planos de Ney está um disco com repertório "bem adiantado" e com "um monte de gente desconhecida". Pretende também fazer um show "lindo". "Cantar e dançar todo mundo sabe que eu faço. Agora eu tô procurando um tipo de iluminação dessas mais tecnológicas interessantes, porque não gosto de tudo que é tecnológico. Não me interessa o que todo mundo usa. Então tô procurando o que há de mais moderno e a possibilidade de usar isso em show." Leia a seguir trechos da entrevista com Ney Matogrosso. (Bruno Yutaka Saito/Valor Econômico)
Valor: Os anos 90 foram a última década em que a indústria fonográfica ainda ganhava com a venda de discos. Depois, os shows se tornaram a principal fonte de renda. Como as alterações da indústria alteram seu método de trabalho?
Ney Matogrosso: Para mim, não altera nada. Porque eu não sou uma pessoa que tenha vivido de venda de disco. Meu foco sempre foi show. Então continua tudo certo. Vendendo mais ou vendendo menos, tenho um público fiel em shows. Faço shows porque quero, porque gosto, não faço desesperadamente. Desde o começo, desde o “Homem de Neandertal” (“Água do Céu Pássaro”, 1975): fiz o disco e fiz um show que viajei o ano inteiro. Disco é o pretexto.
Valor: Então a situação atual da indústria é até melhor para você?
Ney: Não vou dizer que é melhor, porque antigamente rolava muita grana. Para gravar disco em uma gravadora, você recebia muito dinheiro. Tinha uma certa pressão. Parei um show de enorme sucesso porque o contrato com a gravadora me obrigava a gravar um disco por ano. Então tive que parar um show no auge do sucesso para fazer um outro disco, fazer um outro show, desnecessariamente.
Valor: Anos 90 foram o período pós-Collor, Plano Real... Como isso se refletiu em você?
Ney: Ah, não faço ideia. Porque eu não sou apegado ao passado, sabe? A única coisa que me lembro em relação a esse período foi um momento de um tal de Cruzeiro Novo, Cruzado Novo. Congelaram os preços das coisas, e eu vendi uma casa por uma bagatela. Porque tinha um preço e, quando eles fizeram isso, eu não podia mudar. O dinheiro se desvalorizou tanto que a pessoa que comprou achou que eu tinha sofrido uma desilusão amorosa. Sabe? Ela veio falar comigo no camarim, depois de um show que fiz: “Olha, não sei o que você sofreu, mas quero dizer que sou muito feliz lá”. E eu: “Não sofri, fui felicíssimo naquela casa, foi a primeira que eu construí. É que achei um lugar de mata Atlântica, uma área enorme, com cachoeira, rios”. Fui morar num casebre dentro dessa mata. Então me lembro apenas disso. Não sei de que maneira nada me influenciou.
Valor: E em termos comportamentais, como foi essa década para você? Anos 90 deixaram alguma marca forte?
Ney: Não. Anos 80 deixou mais, né? O rock brasileiro. Vem cá, a gente também tem que colocar em questão a aids, né? Porque nós vivíamos um momento de grande expansão de liberdades, embora dentro da ditadura, mas existia uma liberação sexual, comportamental, que eles não podiam controlar. A aids veio e cortou isso pela raiz. Não cortou e não parou: regrediu. Deu dois passos para trás, e aí o que comandou? O que comandou foi a grana, os yuppies _essa coisa econômica que é isso aí, é tudo uma caretice. E hoje nós vivemos em um país que é mais careta que nos anos 70.
Valor: A Aids está completando 30 anos, e têm aumentado os casos entre os jovens homossexuais...
Ney: ...e entre as mulheres também. As mulheres já ultrapassaram os homens. Mas aí a gente entende, né, porque o Brasil ainda é um país machista onde um homem não admite que a mulher queira usar camisinha. E, entre os adolescentes, a aids tem aumentado porque eles não sabem do que se trata.
Valor: É falta de memória do brasileiro?
Ney: Não existe memória. Eles [os jovens] sabem que a aids hoje em dia tem tratamento, que não se morre disso. No Brasil, essa falta de memória é muito acentuada. A Europa tem uma coisa pelo seu passado. Nós não temos. Aqui é uma mentalidade descartável que predomina, que acho muito chata. Não é um milagre eu estar fazendo 40 anos de carreira?
Valor: E por que você continua então?
Ney: Por que eu não me acomodo. Não me acomodo para mim mesmo, sabe? Essa falta de acomodação não é para satisfazer as pessoas. É para me satisfazer. Eu não sou acomodado. Sinto necessidade de buscar sempre coisas novas e estar falando outras coisas. Nunca fiz um show de sucessos, você acredita nisso? Eu poderia fazer.
Valor: Te incomoda que os fãs fiquem se lembrando do Secos & Molhados?
Ney: Não, absolutamente. Quando ficam perguntando por que acabou, 40 anos depois, aí enche o saco, né? Eu não me esqueço do Secos&Molhados, imagina! Foi um privilégio surgir na música brasileira via Secos&Molhados.
Valor: No exterior, está na moda o retorno de grupos antigos. Você recebe esse tipo de pressão?
Ney: Já recebi e disse não. Não recebo pressão, né? Recebo propostas. E eu digo não. E foi mais de uma vez. E era assim, Governo do Estado oferecendo uma fortuna. Eu disse não. Duas vezes. Em vez disso, fui fazer shows com Pedro Luís e a Parede, que, para mim, era mais excitante.
Valor: Você nunca pensou em ser integrante de uma banda novamente?
Ney: Não. Eu monto bandas para tocarem comigo. E aí, como não tenho essa constância nem de repertório nem de estilos nem de nada, vou mudando as bandas na medida em que faço novos trabalhos que necessitem de determinadas sonoridades.
Valor: Você ouve os artistas da sua geração?
Ney: Ouço, ouço. Mas meu interesse é muito maior nas bandas novas que estão surgindo.
Valor: E aí entramos nos anos 2000, tempos de velocidade da informação. Você tem acompanhado os recentes casos de agressões contra gays, por exemplo? Você sente que as pessoas estão ficando mais agressivas?
Ney: As pessoas estão ficando mais burras e mais agressivas. Tem que haver lei para botar cada qual no seu lugar. Tem que haver leis contra a homofobia. Não é de agora. Sempre se matou no Brasil. E sempre houve uma permissividade para assassinar pessoas por sua opção sexual. Isso está errado. Da mesma forma que não pode incendiar índio. Da mesma forma que não pode bater numa empregada que está no ponto de ônibus às 4h da manhã indo para o trabalho. Que é isso? Não tem nem moral nem compostura nem lei?
Valor: Há mais violência hoje ou apenas maior divulgação sobre esses casos?
Ney: Olha, não sei. A gente sempre soube desses casos, né? Nessa velocidade estonteante que o mundo caminha, tudo se revela. Hoje em dia não tem mais véus, você não percebe isso? Nós não temos mais ilusões com relação ao presidente dos Estados Unidos, aos políticos. Os véus caíram todos. Tudo está exposto. Então o que é bom está exposto e o que é mal está exposto. Mas o que é mal prevalece porque a mídia privilegia a notícia ruim. Basta você ligar a televisão todos os dias que você vê de cara uma enxurrada de notícias ruins. Sabe o que acontece? Eu desligo a televisão.
Valor: Recentemente você dirigiu uma peça de teatro (“Dentro da Noite”) e atuou no cinema (“Luz nas Trevas”, que deve estrear em 2012). Você vai abrir mais espaço para outras área?
Ney: O Zé Celso me fez uma proposta que me deixou superexcitado, mas eu não podia aceitar. Eles vão para Europa com “As Bacantes”, e ele pensou em mim para fazer a rainha. Achou que, pelo meu timbre de voz, eu poderia fazer. Seria um exercício de ator muito interessante. Não seria uma caricatura de mulher, eu seria eu, fazendo uma rainha. Eu disse: Olha, Zé, eu adoraria fazer, mas não posso... Porque era para ensaiar agora em dezembro e ficar lá na Europa até fevereiro. Nossa, como fiquei tentado! Mas considero fazer coisas no cinema porque leva menos tempo. No teatro solicita tanto quanto a música. E eu não me sinto capaz de me afastar da música por tanto tempo porque tenho muitas coisas que quero realizar. Temo talvez a passagem do tempo porque vai haver um impedimento natural em algum momento.
Valor: Você pensa muito nisso?
Ney: Não, eu não penso muito nisso. Mas sou consciente disso.
Valor: Você segue a filosofia do “viver todos os dias como se fosse o último”?
Ney: Eu sou assim. Não tenho apego ao ontem. Amanhã eu não tenho certeza. Isso não significa que eu apague o passado. Por exemplo, você me perguntou sobre os anos 90, e eu não sei te dizer muita coisa sobre os anos 90. Isso é um reflexo dessa mentalidade, talvez. Claro que se a gente começar a conversar e você for me lembrando, vou me lembrar de muitas coisas. Realmente sou assim, focado no presente. Com boas intenções para o futuro e com carinho pelo passado, com todas as experiências, com tudo que me fez chegar até aqui, né?
Valor: O que te instiga hoje?
Ney: Viver para mim é instigante. E tentando, dentro desse mundo pirado que a gente está vivendo e que caminha para cada vez mais loucura, colocar meu ponto de vista sobre tudo isso. Espero que meu ponto de vista acrescente algo a algumas pessoas e facilite passar por esse trânsito que a gente está vivendo. E é isso. Não pretendo muito mais que isso não.

post "Ney Matogrosso e Metamorfoses"

Liberté - 1/70 ( A fachada da arte na Rua Augusta)

Começo agora a série "A liberdade absoluta do artista", a qual deverá terminar com o número 70/70. Aliás, neste momento eu já deveria estar com isso concluido para ser entregue ao spin cantor, em Pirenópolis - Rio X, caso eu consiga uma carona para viajar.  Ontem eu estava comendo ou olhando ou sendo um churrasquinho de franco em frente ao Bradesco, spin banco, pessoa jurídica, quando chegou o doutor Amarildo Cardoso, spin  advogado, e ele me disse que, caso ele vá, eu poderia ir com ele. Vai ele e suas duas filhas.




Embora este comentário não tenha sido dirigido à minha pessoa, dei vontade de respondê-lo:
vaas,
deixe-me fazer uma pergunta: você curte essas obras que publicas cá no blogue?
Os comentaristas publicam conteúdos que possam interessarm aos leitores. E as postagens da Vass nos interessam, agrega conhecimento, valor, etc.  Quanto a crítica à estética das obras, noto que você teve uma sensação de estranhamento. Isto é normal. Esta é a primeira sensação de quem chega a uma exposição de arte contemporânea, depois se acostuma, sempre foi assim, para Hitler a arte contemporânea era "degenerada", pois ele queria aquela arte acadêmica, certinha, "limpa" e não esta arte "contaminada" pela subjetividade do artista, onde já se viu.  
a meu ver são obras, as que cá vi,  tão pobres de princípios em artes visuais.
Obras pobres de princípios em artes visuais? Tais principios foram se diluindo, se desfazendo, o cubismo, por exemplo, descontruiu muitos principios antigos, se existem tais principios eles vão se alterando e até se tornando obsoletos. A Semana de Arte de 22 por exemplo foi um marco nesta ruptura entre a arte parnasiana e a arte "deformada". Nem Monteiro Lobato entendeu a arte moderna, embora ele(Lobato) tenha sido um pré-modernista.
apresentações de habilidade e técnica que não pensa que basta de querer construir um mundo, o falido mundo mais próximo ao paraíso, 
Habilidade técnica também é interessante se isto é de interesse do artista contemporâneo. Nenhum problema se o artista apega-se à perspetiva, o que não pode é isso se tornar uma obrigação tipo "se não houver técnica a arte está descartada" Depende do que, como, quando e o que quer o artista. Enquadrar, limitar, não.
mas sim que se deve aprender a habitar melhor o mundo, existir dentre uma realidade existente.
O artista teria que se esforçar por aprender a habitar melhor este mundo,  adaptar-se a esta realidade existente? Cada artista tem sua realidade, uns vivem em mundos paralelos, o que não quer dizer que, enquanto cidadãos, não tenham os pés fincados no chão. Adaptar-se prá que mesmo. Este é o sonho das grandes corporações, estas que limitam a arte, que garantem a liberdade absoluta para um jornalista inventar, fugir da realidade e, ao mesmo tmepo, nega isso a quem de direito: os artistas
que tal buscar autores que se ligam por aí? joseph beuys é um começo legal.
Em tempos de Google, estes artistas clássicos, como Duchamp, Josehp Beuys, estão ao nosso alcance, mas tudo bem, se vier Beuys tudo bem, uma releitura com obras do artista, melhor ainda. Falando em releituras...ah deixa prá lá, esqueci.

Videos: Como sair do buraco; O que é releitura; Releitura: Sagal e Tarsila
O que é releitura
Releitura: Lasar Segall e Tarsila do Amaral

http://www.youtube.com/watch?v=PL23ztdtzyM



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Hage aponta poder econômico como vilão para a corrupção"


José, concordo. Se não há fatos, estes são inventados. Era este o método de Hitler para passar sua "verdade".  E a mentira é repetida mil vezes até virar verdade. Lembremo-nos do caso Lina Vieira. Se fosse pela pressão da midia, Lula não teria resistido e, para ficar livre do barulho do pig, teria demitido Dilma. Fez isso não? O pig berrou até cansar, a última bomba foi Lina ter encontrado uma agenda na mala, na tal agenda haveria anotado a data da reunião na qual ela (Lina) teria sido recebida por Dilma. Lula demitiu Dilma por causa do rufar dos tambores do pig? Não.
Os brasileiros defendemos a liberdade absoluta para os jornalistas e nem tanto para quem deveria ter este privilégio: os artistas. Dias atrás a OI boicotou a obra de uma artista. A população reclamou? Ninguém nem ao menos tomou conhecimento. Saiu no JN? Não. Assim o pig vai formando a idéia segundo a qual somente os jornalistas podem ter liberdade absoluta inclusive para matar reputação, caluniar. No México é assim. Lá como cá, não direito de resposta, li sobre isso dias atrás, no blog do Antônio Mello. Já a liberdade para os artistas, quem a defenderá. Talvez a arte não seja assim tão importante para esse "mundo dos jornalistas"



O "ai Jesus" do movimento evangélico

Hage aponta poder econômico como vilão para a corrupção

A ação do MPF contra Serra e Preciado

9 de dezembro de 2011

A orquestra de Perez Prado

AGU pretende recuperar dinheiro desviado dos cofres da União

Exclusivo: Leilões, arapongas e o poder de Serra

Imprensa "independente" esconde livro sobre privataria tucana

A preservação do acervo de Zequinha de Abreu

Vídeo mostra imagens de Strauss-Kahn e camareira no dia da denúncia de abuso sexual

Comentário ao post "Como interesses empresariais limitam a arte" - V

Este assunto a principio não teria a ver com esta postagem sobre arte.  No entanto,  no que diz respeito a censura, tem sim, uma relação. Estou me referindo ao silêncio sepulcral da imprensa brasileira no que diz respeito ao lançamento do livro "Privataria Tucana, do respeitado jornalista Amaury Ribeiro Jr. Nestas horas ninguém reclama da real falta de liberdade de expressão na mídia, afinal de contas, se a notícia pode prejudicar um certo partido político, tem que prevalecer o toque de silêncio. Isso é de dar inveja à máfia siciliana.
A Privataria Tucana: um livro recheado de provas materiais 
Amaury Ribeiro Jr é um jornalista premiado, conceituado. Acabou de lançar um livro. Se fosse contra o PT estaríamos assistindo ao maior estardalhaço no JN, Tvs, CBN,  portais de internet, sites ou blogs. Como o livro é sobre a privataria tucana, uma rede de espionagem e corrupção, estou boquiaberto diante da ausência de qualquer referência ao livro em qualquer meio de comunicação que não seja da área dos "blogs sujos". Dou um doce para quem achar qualquer nota sobre o livro, nem mesmo no Ig e Terra, que são sites mais ou menos isentos mas que, pelo jeito, perderam a voz, prá onde será que foi a liberdade de expressão que eles tanto defendem. Fiz uma busca no Google com várias termos que remetessem ao livro e, o que constatei, foi uma espécie de censura por parte dos meios de comunicação ao livro de Amaury Ribeiro Jr, quem sabe mais tarde sai alguma coisa...rsss

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Ausência total de qualquer referência na web, exceto nos "blogs sujos"

Somente veículos da linha "blogs sujos" deram destaque. "Blog sujo"  foi um termo usado por Serra, na campanha de 2010, para referir-se aos blogs que não o apoiavam.

Para não dizer que não saiu nadica de nada na velha mídia, deu isto na Gazeta de Alagoas:
Por Cláudio Humberto


LIVRO APONTA CORRUPÇÃO E ESPIONAGEM TUCANAS
O livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., fartamente documentado, está à venda a partir desta sexta-feira em todo o País, revelando fortunas tucanas em paraísos fiscais, após as privatizações do governo FHC, e a rede de espionagem montada pelo ex-governador de São Paulo, José Serra, contra seu adversário interno no PSDB, o também tucano Aécio Neves, que era governador de Minas Gerais.
MONITORAMENTO
O objetivo da espionagem, que não foi alcançado, seria o de flagrar em vídeo Aécio Neves consumindo bebidas alcoólicas ou até cocaína.
ACUSAÇÕES GRAVES
Amaury acusa Verônica e Alexandre Bourgeois, filha e genro de Serra, de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e recebimento de propina.
FIOS DESENCAPADOS
Ricardo Sergio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil, e Gregório Marin Preciado, primo de Serra, também são denunciados no livro.
POLÊMICA
Repórter investigativo muito talentoso, Amaury Ribeiro foi envolvido no suposto esquema de arapongagem a serviço da campanha de Dilma.
EDITOR REVELA QUE JOSÉ SERRA TENTOU INTIMIDÁ-LO
O editor Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial, sentiu-se intimidado ao ser chamado para “uma conversa” com o ex-governador José Serra, que tomou conhecimento do iminente lançamento do livro A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro. De imediato, Luiz Fernando contou à coluna, que ofereceu seu cartão de visitas ao emissário tucano, sugerindo que, se Serra quisesse falar com ele, que o procurasse na sede da editora.
CAUTELA
Temendo ordem judicial de apreensão do livro, a Geração fez uma operação silenciosa para distribuir 15 mil exemplares em todo o País.
COMPROMISSO
Ao receberem o livro A Privataria Tucana, as livrarias assumiram o compromisso de que a obra não seria exposta nas vitrines antes desta sexta.
NADA A DECLARAR
O ex-governador José Serra informou que, por enquanto, sua decisão é não comentar as acusações contidas no livro de Amaury Ribeiro Jr.
Link para a postagem "Como interesses empresariais limitam a arte"

8 de dezembro de 2011

O raio x do esquema Serra, por Amaury Jr

Árvores do Brasil

Os pontilhados de Miquel Endara

A pintura sobre a fotografia de Paulina Surys

Hora de se preparar para o tranco econômico. Por Luis Nassif

A resposta dos ateus a Ives Gandra

Diário de Marrocos (3): Globalização neoliberal arrasa as culturas locais. Por Emir Sader

125º Aniversário de Diego Rivera

Por Mara, em seu blog




O Google homenageia com um doodle especial o pintor mexicano Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera - conhecido somente por Diego Rivera.



Diego Rivera, um dos maiores artistas plásticos mexicanos, especializado na prática do muralismo mexicano, nasceu no dia 8 de dezembro de 1886, na cidade de Guanajuato, no México. De ascendência judaica, ele iniciou sua trajetória artística estudando na Academia de Bellas Artes de San Carlos, no seu país de origem. Aos 21 anos ele teve a oportunidade de ir para a Europa, com o auxílio de uma bolsa de estudos, aí permanecendo até 1921. 





A passagem de Rivera pelo continente europeu aprimora sua vocação para as artes, uma vez que neste período ele conhece vários artistas, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró, além do arquiteto Antoni Gaudí, e movimentos estéticos que se tornaram fonte de inspiração para sua produção artística.





Ao retornar para sua terra natal ele passa a se devotar à pintura mural – arte de pintar sobre um muro, em sua face exterior, como num fresco, ou em um painel exposto constantemente – tentando assim resgatar a perdida suntuosidade da era pré-colombiana vivida pelo México, sufocada sob longa tirania colonial e opressiva exploração oligárquica, subjugada pela cultura metropolitana importada da Espanha.





Procurando conquistar um pouco desta grandiosidade ancestral, Rivera opta pelo muralismo, ao lado de artistas como José Clemente Orozco e David Siqueiros. Além disso, ele considerava a pintura convencional como uma arte burguesa, pois o fruto deste trabalho ia, normalmente, para a clausura das coleções particulares. O pintor produz, assim, uma obra que tem as proporções de um monumento, não só na sua forma, mas principalmente no seu teor. Ele criou, entre 1921 e 1956, um total de 6.730 m2, distribuídos por dezenove prédios no México, oito nos Estados Unidos, um na China e um na Polônia.





Diego iniciou seus trabalhos em um ateliê madrilenho, na Espanha. É quando ele encontra sua primeira mulher, a pintora russa Angelina Beloff, que logo depois de lhe conceder um filho, morre. Em 1929 ele contrai matrimônio com a artista plástica mexicana Frida Kahlo. Alguns estudiosos da biografia desta controvertida pintora crêem, baseados na autópsia de seu corpo, que sua morte teria sido provocada por uma das amantes de Diego, por meio de um veneno. Esta questão remete ao rol de amantes que passaram pela vida deste artista; apesar de não ser nada bonito, ele estava sempre cercado de belas mulheres.


A militância política de Rivera era outro aspecto importante de sua vida. Comunista, sua ideologia transparece com clareza entre os temas de sua obra. Em seus trabalhos é comum ver a presença dos indígenas, retratados em sua face sócio-histórica, sob um ponto de vista estritamente idealizado. Seus personagens guardam características clássicas, pois embora representadas em um estilo bi-dimensional, estas imagens se encorpam, inspiradas nas pinturas renascentistas e nas vivências do artista com o Cubismo. 


Entre suas obras murais, são célebres as do Palácio do Governo, de 1929, e as do Palácio Nacional, de 1935, no México. Mas ele também atuou em Nova York, empenhando-se em um trabalho monumental no Rockfeller Center, de 1930 a 1934, o qual foi eliminado antes de sua conclusão, pois empreendia uma dura crítica ao sistema capitalista.
Diego Rivera, depois de produzir mais de dois mil quadros, cinco mil desenhos e cerca de quatro mil metros quadrados de pintura mural, morreu no dia 24 de novembro de 1957, na cidade de San Ángel. 


Fonte:Infoescola

FONTE: http://mrdebrassi.blogspot.com

Ao Poder Curador: Email ao Carlos Sena

Olá Carlos Sena, muito obrigado por sua consideração da sua parte para comigo ao indicar meu(s) blog(s) para Jaime Bennati. Eu não sabia que havia criado uns 200 blogs, sendo que destes, não lembro de uns 50, foram se perdendo por aí. O seu email fez-me despertar para a existência destes destas coisas,  eu nem sabia destes blogs e, com o seu email, despertei para os mesmos,  depois verificarei o que aconteceu porque eu havia esquecido, esta minha mania de construir e destruir, afinal de contas esquecer é também uma forma de destruição, enfim, eu havia destruido tudo, todos os meus blogs, o que ocorreu através de uma espécie de anamnese, quer dizer, amnésia. E falando em lembranças, quando ando por ai a serviço em locais tais como Forum de Goiânia, Forum do Tribunal de Justiça, Forum de Aparecida, Forum de Trindade, Forum Criminal e de Família, Forum da Justiça Federal, chama-me a atenção a quantidade de armários. Muitos processo que poderiam ser relatórios das pessoas ao Poder Curador que, na cidade-estado, deveria existir no lugar do Judiciário. 

Quando vejo alguém subindo em escadas para pegar um processo que fui buscar fico pensando: tanto esforço inútil, este rapaz tão jovem gastando energia com isso quando deveria estar mexendo em coisas dos artistas, todos estes papéis poderiam ser isso: arte. No entanto não são crimes ou doenças e poderiam ser arte, a conversão é tão simples. 

Tirei umas fotos discretamente de todas estas coisas, sem liberdade mas tirei. Sem liberdade porque estes Foruns são repletos de câmeras, dias atrás descobri que somos vigiados até nas escadarias,  olhei para cima e vi uma luz piscando na minha direção. Se estava piscando é porque estava me vigiando, há uma central, uma sala lotada de policias fardados nos vigiando, no Forum Criminal a tal sala fica logo na entrada, ainda não esconderam a vigilância, está lá para quem quiser ver e denunciar  a falta de liberdade a que os artistas somos submetidos.

Acho que é por isso que me preocupo tanto em resgatar coisas que criei quando era livre pois que o meu único limite era a censura médica e, livre, tirei  fotos, elaborei projetos, escrevi textos e mais textos, produzi videos. Todo este acervo estava espalhado por 70 armários, talvez o fato de criar 70 blogs foi uma forma de compensar a ausência dos 70 armários que joguei fora. Por isso, nos Foruns quando vejo advogado nas varas,  fotografando folhas de processo para digitalizar noto que eu poderia ter feito isso com meus textos. No entanto, por burrice, não fiz, preferi, naquele momento em que fui transformado em spin faxineiro, jogar tudo fora e, assim ficar livre  de tudo.

Hoje estou assim: nada ao meu alcance, nem mesmo máquina fotográfica e câmera de vídeo. Possuo tais ferramentas mas não consigo usar, a bateria acabou e, devido a bagunça aqui em casa, não acho a bateria, ou não tenho tempo para procurar. Por isso no momento a minha única ferramenta é o teclado deste computador. Se o meu email for raqueado toda a minha obra terá sido, novamente, destruida, agora tenho que ir, fui. Ah, neste domingo tem um show do Ney Matogrosso, gostaria tanto de ir lá levar esta camiseta que fiz a partir do anúncio Jaime Bennati. É que sonhei que estava entregando para ele um cartão de visita o  que poderia, ser, é claro, uma camiseta com esta imagem impressa, engraçado estas coisas que a  gente faz sem ver, é a velocidade, quando raciocínio e pensamento viram fumaça, estou me referindo ao risco perto de "Grato, spin". Não foi proposital, nem sei como ocorreu, o traço ou lápis estava no cursor e, por acaso, bati ali.