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17 de janeiro de 2015

Não é só entregar o petróleo. Querem entregar o negócio de sondas de R$ 20 bi por ano


Autor: Fernando Brito
sondas
É duro conseguir quem queira fazer investimentos de longo prazo no Brasil e foi assim ao longo de toda a nossa história moderna.
Não apenas porque um país em perdas permanentes como o nosso não acumula capitais para isso, como há no Brasil uma elite servil, incapaz de pensar qualquer futuro para si senão o de gerente local do capital internacional.
A decisão da Petrobras de estimular, com garantias de compra (enquanto o Governo dava a garantia de financiamentos), a construção de sondas de perfuração de poços de petróleo em águas ultraprofundas é, guardadas as proporções e características, muito mais “capitalista” do que as que a ela podem se comparar, como a construção da siderúrgica de Volta Redonda ou das hidrelétricas que – apesar da seca – nos produzem energia numa das matrizes mais limpas do mundo.
Porque, embora com as carências tecnológicas que as quase quatro décadas de paralisia da indústria naval nos impuseram, ela traz para o país a construção de algo tão imprescindível à exploração do petróleo quanto são o aço e a energia para a atividade econômica.
Não se acha petróleo – nem se coloca o petróleo que é achado em condições de ser explorado – sem estas sondas.
E a alternativa a fazê-las aqui é alugar no mercado internacional.
Onde um navio-sonda com capacidade para operar em profundidades de lâmina d’água superiores a 4 mil pés ( pouco mais de 1.300 metros, a partir do qual se considera “águas profundas”) custa, por dia, em média,a bagatela de US$ 516 mil dólares.
Por dia, notem bem.
Como, no pico da atividade do pré-sal, a Petrobras terá de usar, por anos a fio, 40 destas sondas, é coisa de mais de US$ 20 milhões de dólares a cada vez que o sol nasce.
Ou quase US$ 8 bilhões a cada ano.
Em reais, uns R$ 20 bilhões cada vez que se trocar a folhinha.
Tratar isto como uma  como ima irrelevância para o país, ou como se fosse destinado a negociatas um empréstimo de R$ 9 bilhões – empréstimo, não doação – para que não se comprometa o programa de construção da metade – só a metade – dos navios-sonda de que a Petrobras precisará, como faz hoje a Folha de S. Paulo, não pode ser só falta de noção de sua importância.
Ninguém pensou em inviabilizar a Siemens porque um – ou vários – de seus dirigentes se meteram em falcatruas. Nem os franceses a Alstom porque andou subornando e fazendo cartéis, um deles aqui pertinho, na Paulicéia.
Obama comprou as ações da GM, na crise de 2008 por US$ 49 bilhões de dólares e as vendeu, há menos de dois anos, por US$ 39 bilhões, um subsídio do Tesouro norte-americano de US$ 10 bilhões para que não quebrasse a maior montadora de veículos dos EUA.
E olhem que eram automóveis, que podem ser importados de qualquer baiúca, em qualquer parte do mundo, não um equipamento de altíssima tecnologia.
A imprensa brasileira divide-se em um sabujismo total aos interesses estrangeiros e uma lapidar ignorância.
Gênio mesmo é o Roger Agnelli, que pegou US$ 1,3 bilhão com os chineses, para comprar navios chineses, para levar minério para a China.
E, pior, que viraram “micos” navais, que a empresa agora tenta vender, com prejuízo.

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