Oito em cada dez mulheres terão pelo menos uma infecção no trato urinário durante a vida. Destas, 25% se tornarão crônicas e passarão a ocorrer ao menos duas vezes no ano. As estimativas dadas pelo médico urologista Leonardo Dias Magalhães da Silva são preocupantes e ajudam a entender os números divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde na semana passada ao Comércio. Eles revelam que, em média, na rede pública de Franca são atendidos, por mês, mil casos de pacientes com problemas no aparelho urinário, uma média de 30 casos todos os dias.
De acordo com o médico, o número de infecções tem aumentado ano a ano. Culpa de vários fatores, mas principalmente da rotina cada vez mais atribulada que a maioria da população leva. O resultado dessa correria toda é que as pessoas descuidam da saúde: tomam menos água, ficam com a bexiga cheia por mais tempo e se alimentam de forma cada vez pior. Um prato cheio para as infecções do trato urinário.
A doença acomete muito mais mulheres do que homens; a proporção é de nove para um. “As infecções vêm do meio externo para o interno e a uretra feminina tem 2 centímetros apenas, enquanto a masculina tem cerca de 15. Para a bactéria subir e chegar na bexiga é mais difícil no homem”, disse Leonardo.
O especialista afirma que outro fator facilita o surgimento das infecções nas mulheres: durante a relação sexual, a penetração faz com que o atrito na uretra seja maior, facilitando o contato das bactérias com o meio interno. No pós-menopausa a incidência aumenta, pois há diminuição da oferta de estrógeno, o que faz com que o ph vaginal mude, facilitando a instalação do problema.
A gravidade nas infecções urinárias podem ser divididas em duas partes: no chamado trato baixo, as cistites, que acarretam “apenas” uma piora na qualidade de vida, mas que não deixam sequelas mais graves, e as do trato alto, que alcançam os rins e podem se agravar. Elas são chamadas de pielonefrites. “Essas doenças, além de trazer gravidade, podem complicar em 5% dos casos. Às vezes precisa de internação, pode evoluir para abcesso renal (espécie de “ferida” com pus nos rins), para insuficiência renal (afeta o funcionamento do rim) e até para sepse urinária, que seria uma infecção generalizada originada na infecção de urina”, afirma o médico.
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